Castro Verde foi possivelmente dos primeiros locais que explorei quando comecei a fotografar vida selvagem, foi aqui que vi o meu primeiro rolieiro e francelho, e aprendi mais sobre a sua conservação e todos os esforços que estavam a ser feitos na altura com a implementação de diversas caixas-ninho em ruínas e outros espaços.
DETALHES
Ponto de Partida: Castro Verde
Distância a Percorrer: Cerca de 50 km (mais viagens de carro entre locais)
Altura do ano: Primavera
Melhor hora do dia: Manhã
Material Recomendado: Máquina + teleobjetiva acima dos 400mm
Extras: Veículo todo o terreno
COMO CHEGAR
Castro Verde localiza-se no distrito de Beja, isto é, fica na zona do Baixo Alentejo. Quase toda a zona de Castro Verde encontra-se protegida pela Zona de Proteção Especial (ZPE) determinada pela Rede Natura 2000, esta ZPE foi constituída para proteção das aves estepárias, nas quais se inclui o francelho, a abetarda e o sisão. De forma a facilitar a sua deslocação pode colocar no GPS as seguintes coordenadas: 37°42'02.5"N 8°05'06.5"W ou 37.700680, -8.085135, ou seguindo o link para o google maps. O local onde fico quando vou a Castro Verde é a Herdade de Alagães (site), que fica entre Castro Verde e Mértola, e consigo facilmente chegar a ambos.
PERCURSO RECOMENDADO
Toda a envolvente de Castro Verde é perfeita para fotografar, um dos pontos mais conhecido é a antiga estação de comboios de Casével. Aqui podemos encontrar duas das espécies deste artigo, o rolieiro e o francelho. Ambas as espécies gostam de utilizar os edifícios em ruínas para nidificarem, e por isso, qualquer espaço desses pode encontrá-los. Outro local a visitar é o Centro de Educação Ambiental Vale Gonçalinho que é gerido pela LPN, aqui terá oportunidade de observar as restantes aves estepárias. Finalmente, pode fazer toda a estrada que liga Castro Verde a Mértola para procurar observar as aves de rapina que fazem parte deste artigo, a águia-imperial-ibérica e o abutre-preto.
A MINHA EXPERIÊNCIA
As aves deste artigo não são fáceis de fotografar, as duas primeiras encontram-se em ruínas mas nós estamos de um lado e elas do outro. Para terem sucesso pode ser necessário ficar muitas horas ao sol, dentro do carro, com uma grande rede camuflada por cima (podem comprar redes camufladas na FotoCamo). Podem ainda percorrer as estradas de carro e tentar que alguma ave permaneça num dos postes de madeira das vedações, mas isso vai implicar percorrer toda a zona múltiplas vezes. Relativamente às aves de rapina, na maioria dos casos só as vamos observar a sobrevoar os céus. Por isso, nos tempos mortos em vez de ficarmos sentado debaixo de um chaparro (sobreiro) podemos aproveitar para ficar atentos às movimentações destas grandes aves e conseguir algumas fotografias nos momentos em que elas voam mais perto do solo. Podem ir para um ponto mais alto, como a zona de Alcaria Ruiva, e permanecer algumas horas a observar. Não se esqueçam de levar o almoço e muita água.
FRANCELHO OU PENEIREIRO-DAS-TORRES
O francelho ou peneireiro-das-torres (Falco naumanni) é uma das espécies que nos visita apenas durante a primavera e verão, o resto do ano eles encontram-se em África. A sua alimentação é constituída por roedores e insetos, que captura nas zonas de campo aberto (estepes). Eles desempenham um papel fundamental no controlo dos roedores durante a época do crescimento do cereal. Podem ser confundidos com o peneireiro-comum, que também pode nidificar nos mesmos locais.
ROLIEIRO
O rolieiro (Coracias garrulus) é a nossa ave azul, sendo uma das mais vistosas que podemos observar. O seu azul confunde-se com o céu quando voam, o que pode enganar a máquina quando necessitam de os focar. Eles alimentam-se de insetos que capturam nos campos agrícolas ao redor das ruínas, poisando na vedação para comerem a sua refeição.
ÁGUIA-IMPERIAL-IBÉRICA
Estava precisamente na Herdade de Alagães quando vimos esta águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) a voar perto do solo, num dos momentos diria que nos veio espreitar. O facto de a Herdade ficar numa pequena aldeia no meio do campo facilita a observação de grandes rapinas, aliás a presença de diversos animais domésticos (pecuária) nos terrenos que circundam a aldeia servem de atrativo para estas aves, que procuram animais mortos para se alimentarem.
ABUTRE-PRETO
A Herdade de Alagães possui diversos terrenos, e num dos dias tivemos oportunidade de visitar um deles com a Catarina (a dona da Herdade de Alagães). Tivemos de subir um monte, num dia de calor, mas a surpresa estava à nossa espera no topo! Um abutre-preto (Aegypius monachus) descansava por entre as rochas, mesmo ao nosso lado. Fora apanhado de surpresa pela nossa presença, num monte mais ao lado estavam diversos grifos a descansar que não ficaram incomodados pela nossa presença. Esta espécie é necrófaga, o que significa que se alimenta de animais mortos e preferem animais pequenos como coelhos ou lebres, à falta deles procuram alimentar-se de pedaços pequenos que os grifos deixam para trás.
Espero que tenham desfrutado deste pequeno guia sobre 4 espécies que podem fotografar em Castro Verde, evitem ir em dias muito quentes. Procurem fotografar as aves com calma e não se esqueçam de ir olhando para cima. Visitem a zona de Castro Verde e partilhem as vossas fotografias.
QUEREM APRENDER MAIS SOBRE FOTOGRAFIA?
Quando estamos a fotografar é fácil perder a noção do que devemos ou não devemos concentrar, sejam as espécies mais comuns ou as mais raras, seja tentar fotografar de dia ou de noite. Criei alguns artigos para mostrar o que podem procurar em certos locais para fotografar.
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VEJAM AINDA OS MEUS VÍDEOS NO YOUTUBE
Criei vários vídeos sobre fotografia de vida selvagem onde explico como fotografar diversas espécies e ainda algumas das melhores técnicas fotográficas. Desde fotografar aves costeiras a fotografar o bonito guarda-rios, é uma pequena playlist que espero que desfrutem e deixem um like nos vídeos.
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