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  • Foto do escritorDiogo Oliveira

Missão: Truques para Fotografar o Guarda-rios, Aves de Portugal

O guarda-rios (Alcedo atthis) é uma das aves mais belas que ocorre em Portugal. Como qualquer outra espécie, antes de sair para o terreno para a fotografar há que fazer o trabalho de casa e estudar a sua ecologia. Esta espécie pode ser facilmente encontrada, pois os seus habitats preferenciais são margens de rios, ribeiras, lagoas, charcas, entre outras zonas húmidas. Esta seleção deve-se ao facto de o guarda-rios se alimentar de animais aquáticos, como peixes, anfíbios, larvas de insetos, entre outros.


Guarda-rios fotografado perto de uma charca e com recurso a um abrigo móvel. O tronco foi colocado uns dias antes e permaneceu no local durante um mês, tendo sido substituido pelo tronco da fotografia abaixo.

Com todas as informações em mente, podemos ir para o terreno procurar um local com habitat propício e com os recursos alimentares adequados. Ou seja, um ponto perto de uma linha de água ou de uma albufeira são os ideais. Depois de definirmos o local é necessário realizarmos algumas observações, de forma a determinarmos quais os locais onde eles poisam e qual a melhor altura para os fotografarmos. A primeira coisa que irão constatar é que eles escolhem usualmente poisos mesmo sobre a água, de forma a observarem os movimentos dos peixes e terem uma boa base de lançamento para o seu ataque final. Ora, estes poisos tendem a ser inacessíveis ou a não proporcionarem a fotografia mais bonita. O truque é providenciar um poiso adequado, tanto para ele pescar facilmente, como para nós o fotografarmos facilmente.


Não esquecer de tirar fotografias também ao alto, neste caso o individuo estava tão perto que apenas o conseguia apanhar a todo fotografando ao alto.

A escolha do poiso é um dos aspetos fundamentais, eu tenho o hábito de usar um tronco que apanhe caído no chão, como biólogo que sou, não gosto de andar a cortar troncos ou árvores. De preferência um tronco perto do local onde vou montar o abrigo, fácil de transportar e que retrate o local onde irei fotografar o guarda-rios. Mas se escolherem um local perto de casa, podem “roubar” um tronco a uma das árvores de fruto (dos avós) e utilizá-lo como poiso. Com o tronco colocado há que testar o material, verificar se as fotografias ficam como desejamos quando a ave poisar nos locais que montámos. Eu prefiro montar dois a três poisos, com fundos diferentes, e assim deixar a ave decidir. Pode ainda dar-se o caso de a ave utilizar os vários poisos numa mesma sessão fotográfica, e assim parece que fotografámos em locais e condições diferentes.


Guarda-rios fotografado perto de uma albufeira, foram colocados dois poisos diferentes o que permitiu duas fotografias diferentes. Ao trocarmos o poiso e modificarmos o fundo, parecem fotografias tiradas em locais e momentos diferentes.

A distância a que os poisos ficam da água ou da margem é irrelevante para eles, podemos colocá-los perto do abrigo ou mais longe. O que é vantajoso é possuírem alimento mesmo por baixo dos poisos, para serem mais fáceis de atrair. As fotografias foram obtidas utilizando um abrigo móvel, que coloco no próprio dia um pouco antes do sol nascer.


Resumo: 

Habitat – rios, ribeiras, lagos, lagoas, albufeiras, zonas húmidas;

Alimentação – peixes, anfíbios;

Equipamento – abrigo, poisos, tele-objectiva, galochas;

Época do Ano – todo o ano


Guarda-rios fotografado no lago dos jardins da Fundação Calouste Gulbenkian no centro de Lisboa, para o Projecto "Um Mês...Uma Ave".

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