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  • Foto do escritorDiogo Oliveira

5 dicas onWILD: Fotografar Aves | Truques e Dicas Fotográficas por Diogo Oliveira

A fotografia de vida selvagem é um grande desafio, em especial quando queremos obter fotografias criativas, dinâmicas e ilustrativas, ao invés de obter apenas uma simples fotografia. Fotografar animais esquivos e pouco cooperantes pode tornar-se frustrante e requer uma tremenda dedicação, paciência e perseverança. No entanto, depois de todo o trabalho que tivemos a recompensa é muito gratificante. O conceito onWILD surgiu da necessidade de partilhar a minha experiência na fotografia de vida selvagem aliada à minha formação como biólogo.


Goraz (Nycticorax nycticorax). Fotografar aves selvagens em plena cidade pode ser um grande desafio mas oferecer os melhores resultados. Como estão habituadas à presença do ser humano acabam por ficar mais tolerantes à presença do fotógrafo.

5 Dicas

As aves são um excelente motivo para quem se quer iniciar na fotografia de vida selvagem. Ocorrem muitas espécies em Portugal e elas podem ser observadas nos mais variados ambientes, desde florestas, montanhas e até nas cidades. São por isso adequadas para quem se inicia nesta atividade. Não é necessário equipamento topo de gama, mas sim alguns conhecimentos e paciência. O número de observadores de aves tem aumentado ao longo dos anos, o que facilita a transmissão de conhecimento entre os mesmos e aumenta o número de pessoas dispostas a ajudarem e a responderem às nossas dúvidas, ajudando também a aumentar o nosso conhecimento sobre a observação e fotografia de aves. Não tenha medo de perguntar e procure sempre conhecer os sujeitos que deseja fotografar. A consulta de guias ou artigos científicos pode ser útil para determinar quais as melhores alturas do ano para as fotografar ou para saber distinguir entre duas espécies semelhantes.


Trepadeira-azul (Sitta europaea). É uma ave rápida e está sempre em movimento, por vezes lá param por uns segundos para as fotografarmos. Temos de esperar por estes momentos para obter os melhores resultados.

1. AVES NO SEU QUINTAL

Os quintais podem ser um excelente local para fotografar vida selvagem, em especial para quem tem falta de tempo. No entanto, obter boas fotografias não é tarefa fácil e requer muito planeamento, criatividade e paciência. A colocação de comedouros e bebedouros irá atrair muitas espécies, sendo que o alimento disponibilizado irá determinar quais as aves que acabaram por aparecer. De uma forma simplificada: a maioria das espécies aprecia sementes de girassol e amendoins (sem sal, mas também em manteiga); os fringilídeos apreciam sementes de Níger; as rolas apreciam pedaços de milho; e os piscos-de-peito-ruivo e outras aves insectívoras apreciam tenébrios. Pode fotografar a partir de uma janela, no entanto, o mais indicado será utilizar um abrigo de forma a poder controlar a direção da luz. Para fotografar aves pequenas deve ter o cuidado de as apanhar com luz de frente ou por trás, evitando luzes laterais, posicionando o abrigo tendo isto em consideração. Os arbustos por trás do comedouro devem estar longe o suficiente para aparecerem desfocados nas fotografias e assim consegue obter um fundo limpo. Um bebedouro também atrai aves que aproveitam para beberem água e tomarem banho.


Pernalonga (Himantopus himantopus). As suas grandes patas permitem-lhe chegar onde as outras aves não conseguem.

2. AVES AQUÁTICAS

As aves aquáticas, sendo a sua maioria limícolas, podem constituir um grande desafio. A única vantagem é que elas preferem zonas abertas, niveladas e bem iluminadas, logo a luz e os fundos não são um problema. Assim teremos mais tempo para nos concentrarmos na composição e na captura de alguns comportamentos. Algumas espécies deixam-se aproximar bastante, em especial os juvenis que migram pela primeira vez para África vindos da região Ártica e que nunca viram seres humanos, mas também as aves em portos de pesca e em algumas praias. As marés afetam o seu comportamento, durante a maré cheia elas agrupam-se em grandes bandos num terreno seco e aberto para descansarem e cuidarem das suas penas, por vezes, algumas podem deslocar-se para salinas de forma a continuarem a alimentar-se. Caso estes bandos sejam tolerantes é possível fotografar os indivíduos localizados nas pontas e que se consigam isolar dos restantes, pode optar por uma objetiva de médio ou longo alcance. A passagem de uma ave de rapina poderá levar a que todo o bando levante voo e conseguirá obter fotografias do grupo voo. Com o recuo da maré as aves regressam às margens para continuarem a procura por alimento. Neste período também é possível fotografá-las pois elas andam ocupadas à procura de alimento.


Pica-pau-malhado-grande (Dendrocopos major). Mesmo o gigante pica-pau pode passar despercebido quando imerso na paisagem.

3. AVES NO SEU HABITAT

Resista à tentação realizar todas as fotografias onde o sujeito enche todo o fotograma. Considere incluir o pano de fundo, neste caso o habitat. Assim consegue transmitir a história entre o sujeito e a sua relação com a paisagem numa fotografia. O sujeito ajuda a ilustrar a escala da paisagem, mesmo que represente apenas uma porção da mesma. Deve ter atenção à forma como compõe a fotografia, tentando utilizar a regra dos terços e colocar o sujeito longe do centro. Pode utilizar objetivas de longo alcance, como a 70-200 mm, no entanto, se o sujeito estiver suficientemente perto poderá optar por uma objetiva grande-angular. Nalguns casos o sujeito pode servir apenas para balancear a composição ou servir como ponto focal para um excelente retrato ambiental. Experimente com as aves em parques citadinos até compreender como deve compor as imagens, depois pode replicar as ideias na natureza. Experimente numa floresta selvagem ou uma ribeira de montanha.


Milhafre-preto (Milvus migrans). Capturar aves em voo envolve aumentar a velocidade de disparo, o que pode levar ao aumento de definições menos desejadas (ISO).

4. AVES EM VOO

É uma das técnicas mais difíceis de dominar. Não espere conseguir grandes resultados imediatamente pois esta técnica requer tempo para dominar para conseguir fotografias focadas de forma consistente. A escolha do equipamento é muito importante para se ter sucesso. Este sucesso aumenta caso utiliza objetivas rápidas e com grandes aberturas, assim como corpos com um sistema de autofoco avançado e preciso. Deve utilizar a função de focagem AI Servo, onde a máquina está constantemente a focar e mantém o sujeito em foco preciso. Pratique utilizando o ponto de foco central, pois este ponto é geralmente mais preciso e rápido. Acompanhe suavemente o movimento da ave, mantendo a focagem do ponto central na cabeça da ave. O sistema de autofocos não é infalível, por isso, não desespere se encontrar fotografias desfocadas numa sequência que tenha realizado. Para aves pequenas e rápidas deve utilizar uma velocidade superior a 1/2000 seg, mas para aves maiores poderá conseguir bons resultados com velocidades superiores a 1/500 seg.


Ganso-patola (Morus bassanus). Tenha atenção à movimentação das aves para detetar quais vão mergulhar.

5. AVES PELÁGICAS

Em Portugal não existem grandes colónias acessíveis de aves pelágicas, tal como acontece noutros países do norte da Europa. Estas aves são bastante tolerantes à presença do ser humano e por isso é possível conseguir ficar bem perto delas sem as perturbar. Nalguns locais uma objetiva de grande alcance nem sequer é necessária. Estas aves apenas se deslocam a terra durante a época de reprodução, e como isso não sucede na nossa região costeira, para as fotografarmos teremos de realizar saídas de barco ao longo da costa. Existem vários locais onde as pode realizar, embora tenha dois locais a destacar: Sagres e Peniche. A região costeira de Sagres é onde o mar Mediterrâneo conecta com o oceano Atlântico Norte, e por isso é um local de passagem para muitas espécies pelágicas. Ao largo de Peniche existe o arquipélago das Berlengas que é um local de nidificação para algumas destas espécies, embora os ninhos sejam construídos nas falésias e fora do alcance do público. Esta formação rochosa origina pequenos montes subaquáticos onde as aves se concentram para se alimentarem. Proteja o equipamento com um impermeável contra salpicos e a humidade salgada, leve as baterias, cartões, panos e outro equipamento necessário em bolsos, caixas ou mochilas impermeáveis.


Verdilhão (Chloris chloris). Deve esperar que o olho ganhe o brilho para tirar a fotografia.

EXTRA. OLHO DAS AVES

O olho das aves é o aspecto mais importante numa fotografia. Conseguir captar o brilho do sol nos seus olhos vai injetar vida na fotografia e pode ser a diferença entre uma grande fotografia e um fiasco. Este pormenor ganha especial importante em sujeitos de cabeça escura, onde a olho é pouco perceptível e esquecido por entre a plumagem. Em dias soalheiros este brilho ocorre de forma natural quando os sujeitos são iluminados de frente ou pela lateral, no entanto, deve esperar até a cabeça estar na posição correta para que o brilho ocorra. Em dias de céu nublado poderá ter de utilizar um flash de enchimento com fraca intensidade de forma a adicionar um brilho subtil ao olho do sujeito, que pode depois suavizar na pós-produção para lhe conferir um aspeto mais natural. Nunca adicione este brilho a sujeitos que nunca o poderiam ter, como os que sejam iluminados por trás.


BOA CONDUTA

  • O bem-estar dos animais está em primeiro lugar, e o seu habitat deve ser preservado;

  • Evite perturbar ou stressar os animais;

  • Não deite lixo para o chão;

  • Respeite sempre as normas sobre a proteção das aves, assim como os direitos dos proprietários;

  • Partilhe a informação com outros observadores: eBird Portugal (http://ebird.org/content/portugal/), no entanto, evite divulgar informação sobre ninhos, colónias e dormitórios de espécies sensíveis;

  • Comporte-se e respeite os restantes observadores ou fotógrafos;

  • Se encontrar um animal magoado ou debilitado, deve contactar imediatamente o SOS do Ambiente e Território do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA): 808 200 520;

  • Em caso de emergência ou de fogo deve ligar o 112.

CONSELHOS ÚTEIS

  • Conheça o seu equipamento, treine em casa a alteração das definições para conseguir alterá-las rapidamente caso as condições mudem;

  • Utilize a função prioridade à abertura (Av ou A) para controlar a profundidade de campo e a função prioridade à velocidade (Tv ou S) para controlar a velocidade;

  • Aprenda mais sobre o sujeito que pretende fotografar. Consulte livros, revistas ou websites;

  • Treine num local perto de casa, onde possa regressar várias vezes para corrigir eventuais erros das sessões anteriores;

  • Conheça as regras mais conhecidas e quebre-as;

  • Trabalhe com a luz, nunca contra ela;

  • Não tenha medo de fotografar de perto e de outros ângulos;

  • Tenha paciência e persistência;

  • Não se esqueça das baterias carregadas e dos cartões extra;

  • Leve o equipamento protegido e em segurança;

  • Planeie as sessões para não levar material desnecessário;

  • Aproveite a natureza.

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