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  • Foto do escritorDiogo Oliveira

5 Dicas onWILD: Composição | Truques e Dicas Fotográficas por Diogo Oliveira

A fotografia de vida selvagem é um grande desafio, em especial quando queremos obter fotografias criativas, dinâmicas e ilustrativas, ao invés de obter apenas uma simples fotografia. Fotografar animais esquivos e pouco cooperantes pode tornar-se frustrante e requer uma tremenda dedicação, paciência e perseverança. No entanto, depois de todo o trabalho que tivemos a recompensa é muito gratificante. O conceito onWILD surgiu da necessidade de partilhar a minha experiência na fotografia de vida selvagem aliada à minha formação como biólogo.


Nalgumas praias é possível encontrar pequenos riachos que vão desaguar no mar. Estas fontes de água doce arrastam vários sedimentos de côr escura que se misturam com a areia clara da praia.

5 Dicas onWILD

A composição é um dos factores mais importantes para uma boa fotografia. Não adianta tirar uma fotografia sem a compor previamente, e a maioria das vezes não o poderá realizar na pós-produção. Existem algumas regras clássicas que podemos seguir para melhorar as suas fotografias, pode encontrá-las em vários livros e páginas na internet, no entanto, todas estas regras podem e devem ser quebradas. Apenas as deve quebrar quando as compreender e souber aplicar, e neste caso já estará a compor a fotografia quando as decidir quebrar. O chamado “point and shoot” deve ficar em casa a descansar quando sair para o terreno a fotografar. Procure os melhores ângulos, as melhores luzes e coloque-se nas posições mais estranhas que poderá imaginar, tudo para conseguir obter os melhores resultados.


Guarda-rios (Alcedo atthis). Espere que o sujeito fique na melhor posição antes de fotografar. Assim irá obter os melhores resultados

1. MELHORE A COMPOSIÇÃO

Quando fotografa animais ativos é necessário decidir rapidamente na composição. Quando queremos manter a nossa presença oculta, os nossos movimentos são ainda mais limitados. No entanto, para sujeitos menos móveis, como plantas, insetos e outra natureza, quanto mais tempo dispor a compor a imagem melhores serão os resultados finais. Quando encontrar um sujeito de que goste não monte o tripé imediatamente, pois com a máquina presa ao tripé os seus movimentos são mais restritos em especial quando ainda estamos a tentar escolher a melhor composição e eventualmente acaba por desencorajar alterações à composição, assim como a distância ou altura a que fotografa. Antes de montar o tripé explore o seu sujeito ao máximo. Movimente-se ao seu redor com a máquina nas mãos tentando descortinar quais os melhores ângulos, onde consegue os fundos mais limpos e em que ângulo fica com a melhor luz. Experimente fotografar na horizontal e na vertical. Só quando finalmente encontrar uma posição que aprecia é que monta o tripé, sendo aqui que depois afina a composição e obtém as melhores fotografias.


Pintassilgo (Carduelis carduelis). A cabeça da ave encontra-se num dos pontos de força da regra dos terços.

2. REGRAS SIMPLES

A simplicidade pode ser a chave para uma boa composição e para uma fotografia de sucesso. Uma boa composição nunca deve parecer desordenada e o sujeito principal ou o ponto de foco devem ser óbvios. Quando estiver a enquadrar a imagem deve determinar quais são as regiões mais importantes e trabalhar para excluir elementos que não participem na imagem ou que possam depreciar a composição. Tente manter os elementos principais bem separados das pontas do enquadramento. Tente não incluir grandes zonas de sombra ou espaços vazios. Fotografar com uma objetiva de longo alcance ao nível do chão pode instantaneamente simplificar a composição pois tudo fica desfocado menos o assunto principal. Esta técnica é útil quando fotografa plantas, anfíbios, repteis, aves e mamíferos. Quando pretende fotografar padrões naturais a simplicidade oferece uma imagem com maior impacto. Uma das regras mais conhecida é a regra dos terços. Consiste em dividir a imagem em nove partes, e colocar o nosso sujeito ou ponto de foco na interseção das linhas criadas. Neste caso existem quatro pontos de força para onde o nosso olhar tende a desviar. Utilizar esta regra ajuda a retirar os sujeitos da posição central.


Gaio (Garrulus glandarius). Com o seu grande tamanho apenas fotografei metade do corpo e optei por colocar o olho numa posição central.

3. ESPAÇOS

Um erro comum é deixar o sujeito virado para fora do enquadramento. O local para onde o sujeito está virado implica interesse ou movimento e por isso o nosso olhar vai ser atraído nessa direção. Por isso é importante deixar espaço nessa mesma direção. Uma boa técnica é utilizar a regra dos terços, posicionando o sujeito longe do centro. Para animais grandes coloque o olho na posição central, assim terá mais espaço à frente do que atrás do sujeito. Deve também deixar espaço entre os vários elementos da fotografia, ou seja, eles não devem convergir num só. Altere o ângulo a que fotografa ou espere pelo momento certo para disparar, neste caso quando o sujeito se colocar numa posição mais favorável. Tal como tantas regras esta também apresenta algumas excepçoes, como a fotografia de rituais de acasalamento. Um uso inteligente do espaço é criar simetrias na composição. Existe muita simetria na natureza, desde plantas, aves e outras partes da natureza.


Ouriço-cacheiro (Erinaceus europaeus). Quando fotografa em contraluz pode utilizar um flash para iluminar ligeiramente o sujeito.

4. TIPOS DE LUZ

A luz frontal ilumina o sujeito de forma uniforme e permite obter detalhes e cores fielmente. De forma a obter os melhores resultados deve certificar-se que as sombras apontam para o sujeito, o que obriga a mudar de posição constantemente. Sabendo que os níveis de luz serão constantes pode definir as medições manualmente e obter sempre os melhores resultados. A luz lateral realça as texturas e formas, e se utilizada com cuidado permite produzir fotografias a três dimensões e dramáticas. No entanto, só conseguirá bons resultados quando o sol está numa posição mais baixa. Esta técnica também não resulta se os fundos forem com muitos detalhes, deve por isso escolher um fundo com pouco contraste, como zonas de sombras ou a areia suave. Faça a medição sempre no lado do sol. As contraluzes permitem obter fotografias com uma grande luz e definição de profundidade, criando um pequeno mistério e se bem utilizada criar uma fotografia com grande impacto. Mantenha a composição simples e deixe que o formato do sujeito seja o principal. Funciona melhor com o sol baixo e diretamente atrás do sujeito. A objetiva deve estar bem limpa e sem pó.


Coruja-das-torres (Tyto alba). Ao utilizar um flash tem de ter atenção para o apontar diretamente para a ave.

5. LUZ ARTIFICIAL

Pode ser agradável experimentar misturar várias fontes de luz artificiais com luz ambiente, sempre com a intensão de que o efeito não seja observável no resultado final. A luz artificial pode originar resultados naturais, desde que utilizada com cuidado, o que permite fotografias que de outrora seriam impossíveis. Existem várias fontes de luz recarregáveis que pode utilizar. Ao pintar com a luz artificial é possível continuar a fotografar mesmo em condições de baixa luminosidade, mantendo o contraste no sujeito. Um flash pode também ser útil na fotografia de insetos ou flores criando um contraluz. Por vezes o uso do flash cria sombras e fundos pretos horríveis, no entanto, o flash pode ser a única solução, como no caso das aves noturnas, ou em grutas. O aspeto do uso do flash pode ser mascarado utilizando vários flashes a diferentes ângulos de forma a criar contraste e textura. Algumas cabeças de flash podem servir para iluminar o fundo. Esta técnica é muito exigente e consome muito tempo, devendo ser um projeto a longo prazo.


Papa-moscas-preto (Ficedula hypoleuca). Ao tentar criar silhuetas deve verificar a posição da ave para que se perceba todas as suas características.

EXTRA. SILHUETAS

As silhuetas funcionam melhor durante o nascer ou pôr-do-sol, quando as tonalidades laranjas e vermelhas dominam os céus para criar um fundo dramático e colorido. O mesmo efeito pode ser conseguido quando estas cores são refletidas na superfície da água. Quando procura fotografar silhuetas deve escolher os locais com cuidado e planear a sessão. Tenha atenção para que o sujeito esteja posicionado ou passe diretamente em frente ao sol. Os melhores locais incluem dormitórios de aves ou charcas regulares de mamíferos. É recompensador regressar aos melhores locais, pois as cores variam de dia para dia. As melhores condições podem durar apenas duas horas, tanto de manhã como de tarde. Deve certificar-se que se encontra no local da sessão uma hora antes de o sol nascer e permanecer pelo menos duas horas depois do sol se pôr. A correta exposição para uma silhueta consiste em manter o sujeito completamente preto, e pode ser obtida ao fazer a medição na região mais clara do céu e compensar a exposição por um stop.


BOA CONDUTA

  • O bem-estar dos animais está em primeiro lugar, e o seu habitat deve ser preservado;

  • Evite perturbar ou stressar os animais;

  • Não deite lixo para o chão;

  • Respeite sempre as normas sobre a proteção das aves, assim como os direitos dos proprietários;

  • Partilhe a informação com outros observadores: eBird Portugal (http://ebird.org/content/portugal/), no entanto, evite divulgar informação sobre ninhos, colónias e dormitórios de espécies sensíveis;

  • Comporte-se e respeite os restantes observadores ou fotógrafos;

  • Se encontrar um animal magoado ou debilitado, deve contactar imediatamente o SOS do Ambiente e Território do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA): 808 200 520;

  • Em caso de emergência ou de fogo deve ligar o 112.

CONSELHOS ÚTEIS

  • Conheça o seu equipamento, treine em casa a alteração das definições para conseguir alterá-las rapidamente caso as condições mudem;

  • Utilize a função prioridade à abertura (Av ou A) para controlar a profundidade de campo e a função prioridade à velocidade (Tv ou S) para controlar a velocidade;

  • Aprenda mais sobre o sujeito que pretende fotografar. Consulte livros, revistas ou websites;

  • Treine num local perto de casa, onde possa regressar várias vezes para corrigir eventuais erros das sessões anteriores;

  • Conheça as regras mais conhecidas e quebre-as;

  • Trabalhe com a luz, nunca contra ela;

  • Não tenha medo de fotografar de perto e de outros ângulos;

  • Tenha paciência e persistência;

  • Não se esqueça das baterias carregadas e dos cartões extra;

  • Leve o equipamento protegido e em segurança;

  • Planeie as sessões para não levar material desnecessário;

  • Aproveite a natureza.

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